Invenção Brasileira lança ocupação cultural por dois anos

Projeto tem a proposta de integrar cultura e sociedade, por meio de atividades culturais diversificadas

Um dos mais importantes espaços culturais da cidade, o Invenção Brasileira, abre intensamente suas portas por dois anos, para uma série de atividades initerruptas, que vão ocupar o espaço com muita arte, teatro, música, circo, dança, cultura popular e oficinas formativas. Localizado no Mercado Sul de Taguatinga, o Invenção lança seu mais novo projeto, a “Manunteção de Espaço Invenção Brasileira”, onde busca fortalecer, através de diversos fazeres culturais, a integração e a sinergia entre a comunidade e a cultura. O projeto irá agregar diversos artistas da cidade, sobretudo ligados ao histórico Mercado Sul, oferecendo diversas vertentes culturais à sociedade, somando ao tudo 96 apresentações e 10 oficinas, além de exposições, rodas de conversa, filmes, festas e muito mais.A rica programação do projeto começa nesse mês de dezembro, com a Matinê Invenção Brasileira, com apresentações em todos os domingos, às 17h. Quem abre a programação é o mímico Abder Paz, no dia 02 de dezembro, e durante o mês ainda se apresentam o grupo Mamulengo Saruê (dia 09); o Palhaço Pirulito (dia 16), o bonequeiro Chico Simões, com o grupo Mamulengo Presepada (dia 23); e Maria das Alembranças (dia 30). A entrada é sempre franca e a classificação livre

 

Invenção Brasileira

O Invenção Brasileira é uma ação artística e educacional, voltada para difusão da cultura popular brasileira em suas variadas formas de manifestação.Foi fundado em 1986, como Grupo de Teatro Mamulengo Presepada, conduzido pelo Mestre Chico Simões. Com o passar dos anos, integrando ações de um universo mais amplo, ganhou nova dinâmica, firmando sua sede no Mercado Sul de Taguatinga. O Invenção foi também pioneiro no processo de revitalização do antigo Mercado Sul, hoje conhecido como Beco da Cultura, e sua ressignificação enquanto um espaço urbano saudável, vivo e cultural. O Invenção semeia arte e cultura pela cidade, sendo responsável pela formação de diversos artistas, como bonequeiros, palhaços, músicos, artesãos, poetas, produtores, comunicadores, agregando antigas e novas gerações da arte no DF, entendendo a cultura como parte viva e integrante da sociedade.

Mercado Sul

O Mercado Sul foi construído na década de 50, antes mesmo da inauguração de Brasília, sendo um dos primeiros centros comerciais do Distrito Federal. Com sua face comercial em decadência, ficou abandonado durante anos, sendo aos poucos revitalizado por moradores, trabalhadores e movimento cultural. Hoje, o Mercado Sul é também conhecido como Beco da Cultura, sendo palco de uma infinidade de ações, apresentações artísticas, oficinas e articulações sociais. De lá, nasceram e nascem muitos grupos organizados que trabalham com arte, saúde, educação e mobilização social.

O projeto  Comunidade Cultural – Invenção Brasileira – Mercado Sul   conta com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura, Secretaria de Cultura, Governo de Brasília.

SERVIÇO

Comunidade Cultural – Invenção Brasileira – Mercado Sul 

Quando? 02 de dezembro, 17h, (Abertura do Projeto, com o mímico Abder Paz)

Onde? Invenção Brasileira, Mercado Sul de Taguatinga (QSB 12/13)

Quanto? Entrada Franca

Classificação: Livre

Informações:

invencaobrasileira.org.br

facebook.com/InvencaoBrasileiras

O Trovador de Barro Negro

Entre os bonecos de minha brincadeira vivia um, de raro mistério, que se mexia sozinho, mudando de lugar entre os outros dentro da mala. Um dia esqueci a mala aberta e ele escapou, saiu pela noite da cidade. Não sei onde andou, voltou antes do sol raiar, estava sujo e cansado, parecia mais velho. Revirou a mala agarrou a viola e se sentou num canto da mesa entre os copos vazios de vinho e pedaços de pão que deixei da noite em claro procurando por ele. Tocou levemente nas cordas como não havia tocado jamais, acordes soavam como se tivessem sendo tocados pelo vento. Cantou canções que falavam dos cães, mendigos, bêbados, prostitutas e drogados que encontrou, tentou falar das crianças perdidas da noite, vendendo flores, drogas e assuntos que nem ousou… Ele não sabia dessas crianças ocupado que estávamos sempre com as crianças do nosso dia-a-dia. Perguntou se eu sabia, fiz que sim, perguntei o que mais ele tinha visto, o “suficiente” disse e se calou deixando escorrer um fio de lágrima pelas fibras da madeira do seu rosto. Ficamos com a melodia da canção suspensa enquanto ele, abrindo espaço entre os outros bonecos inertes na mala, também se encantou. Foi a última vez que o vi movendo-se sozinho.

Chico Simões

Cali, 1 de maio de 2016

*Pequeno conto baseado na canção; Trovador de Barro Negro de Silvio Rodriguez