Entrevista – Walter Cedro – Invenção Brasileira 30 anos

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Transcrição da vídeo entrevista com Walter Cedro para o Projeto Invenção Brasileira 30 anos

suspiro…

então.

boa tarde, amigos, parceiros, colegas…

 

me chamo Waltermir Cedro dos Santos…

o Waltermir não sei de onde saiu, mas o Cedro sei que foi justamente dos escravizados que transformava em nome de gente, gente virava árvore, rio, pedra, coisas assim…

nasci no dia 19/11/78, na cidade de Jacobina.

 

meu pai era meio doido, é até hoje, que não morreu.

era garimpeiro, viajava pelo mundo atrás de fortuna, de ser rico.

numa dessa viagens ele foi parar numa cidade chamada Campos VErdes, aqui, Goiás, próximo é tinha parentes em Brasília.

Nesse período da nossa vinda pra cá, pra Goias, eu tinha 2 ou 3 anos, morei boa parte em Goías, até os 12, 13 anos, e teve a separação do meu pai com a minha mãe e nesse periodo mudei pra brasilia, todos nós, minha mãe, meus irmãos, menos meu pai, que teve esse rompimento.

 

nesse periodo, comecei a estudar, e fui ser cobrador de lotação.

aquele cara chato, que ninguém queria ser mas todo mundo queria ser, que era o cara que gostava de arrumar confusão… cobrador de lotação, típico, só não tinha o bigode pq não tinha bigode na época.

 

resolvi parar de trabalhar de cobrador de lotação, e um amigo falou ‘ó, vou na casa de um cara que tá construindo uns bonecos, qué ir lá?’,

ah, vamos.

cheguei lá, era o algodão.

ele tava construindo uns bonecos, era o romance o pavão misterioso.

e ele: quer me ajudar?

‘ó, nunca mexi com isso’… é só colar esses papeis aí…

ok, to desempregado mesmo…. ganha dinheiro?

tem uma ajuda de custo.  tava fazendo nada mesmo….

 

aí, o chico foi ver os bonecos, em que processo tava…

aí, conheci o chico, e eles falavam bastante… como seria a apresentação, tinha uma data pra estrear… e assim, surgiu uma pressão… bora agilizar…

 

aí, eu to lá, o chico precisava fazer uma apresentação no plano piloto.

não lembro, maio ou junho de 96…

e o chico> quer ir me ajudar? quero!

aí, pegamos a mala, pesada, empanada… naquela época, de ônibus…

subimos da casa do algodão, até rodoviária… ajudei montar.. ele falando é assim, e botando os bonecos lá e eu pensando: que esse doido vai fazer com esses bonecos…

 

que era diferente: a gente tava fazendo uns bonecos bonitinho, tudo acabado, com massa plástica… quando ve uns bonecos feios, de madeira… beleza…

 

começou a brincadeira: foi juntando gente!

rapaz, esse cara é doido mesmo!

terminou, quando acabou, eu já saí com isso na cabeça: é isso que eu quero fazer na minha vida!

o chico, beleza! me acompanha!

 

voltei, passamos mais 2 semanas fazendo os bonecos, e apareceu Isabela Brochado, a Moema Becker… uma galera que fazia parte desse espetáculo.

aí, ficou pronto o espetáculo.

e começou a ensaiar,

me botaram como contra-regra.

 

era junho, julho, de 96. estreia.

estreamos o espetáculo no teatro da praça.

se não me engano, foi dia 10 de junho, foi quando eu acho que surgiu o mamulengo sem fronteiras.

 

nesse periodo, o chico falava “sobe o boneco!”  …dentro da empanada com ele… lembro como se fosse hoje, o primeiro boneco que eu subi, que eu botei mesmo pra brincar foi o Capeta…

botei, ele mandou …me deu um algodão, um alcool, botei na cabeça dele… e era uma passagem

ele subia e falava: “vou te pegar!” e passava… subia de novo.

e aí o Benedito vinha, dava uma paulada, e o capeta desaparecia…

 

e estreou o espetáculo, foi lindo, maravilhoso.. pq o chico e o grupo já tinha um tempo de estrada e todo mundo conhecia.

naquele tempo falava: vai ter uma apresentação do chico em tal lugar e todo mundo ia

pq o povo de taguatinga tinha uma efervescência cultural muito grande, era um pessoal que ia pros botecos juntos, se encontrava nas escolas, eram professores, diretores… tinha um círculo de amizades muito grandes, pessoal que veio da ditadura..

 

então, essa estreia foi maravilhosa, lotou o teatro da praça.

passou sexta, sabado domingo… tinha mais 20 apresentações desse espetáculo…

não lembro se era Fac, se era Classearte… e começamos apresentar nas escolas…

ia sempre Chico, Algodão, Isabela e Moema, depois da 10a apresentação, sempre faltava alguém. faltava algodão.

sempre ia o Chico, o chico já tinha carro… botava o material no carro e o chico passava buscando pra fazer apresentação… já tava desgastado, e tinha que cumprir a agenda..

 

aí, o Algodão não ia, substituia, com as falas, alguma coisa, com boneco na mão…

a Isabela, só a Moema que ele cantava, eu não cantava.

 

aí, terminaram as apresentações… e deu um marasmo.

 

mas o chico falou: olha, vamos continuar então, vou fazer umas apresentações nas escolas, bora continuar?

claro, né?

mas vão rolar umas oficinas e você precisa fazer essas oficinas… bora?

claro!

 

a Rose e o Miltinho, eram gerente de cultura em Taguatinga… tomavam conta do Teatro da Praça.

e veio o pessoal a Cia dos Ventos, de Curitiba, dar oficinas…. foi meu primeiro certificado… guardo até hoje.

a gente sempre conversa… foi minha primeira oficina que eu fiz, indo todos os dias, com período, com data…

terminou, eu ganhei um certificado, eu feliz pra caramba.

foram surgindo outras oficinas, eu fazendo…

foi um período de muita efervescência e sempre rolava muita oficina    e eu ia.

 

sempre ajudando o chico, carregando a mala, ajudando montar, mantinha essa rotina na minha vida.

de 96 a 98, foram muitas apresentações…

agora, não lembro o período, o Chico viajou, ganhou uma bolsa… foi pra portugal… ficou um ano.

 

aí, eu meio que fiquei apresentando… o pessoal ligava pro Chico, ele não tava… então, ele passava: O Walter tá fazendo.. mas ele sabe? tá começando…

 

eu brincava lá… um pouco.

e a gente se associou a um pessoal da Cooperativa de Atores, e montamos um espetáculo, com o Ricardo Guti, a Joana Abreu… então, tava sempre com eles…

isso foi entre 98, 2000..

 

nesse periodo, chico voltou… e aí, a gente viajou bastante.

viagem nacional.

então, fomos com o pavão misterioso… filo, em londrina, sao paulo…

terminou o pavão misterioso… aí, voltamos, ficamos com o são mamulengo presepada, aí, comecei a tocar… acompanhando o chico, botando os bonecos uma vez ou outra, acompanhando na zabumba, o Geraldo na sanfona, o Beirão voltou também…

 

sei que nesse período também, 2000, 2000 e algumas coisas… eu já com um espetáculo prémontado… o chico fala: ó, tem esses bonecos aqui, pega eles… (cont)

 

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(cont…)

… e acrescenta no teu espetáculo

tem esse outro… acrescenta no teu espetáculo..

sempre acrescentava algum boneco que ele me dava, ou de alguém que dava…

 

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e acrescentava no meu espetáculo.

 

e sempre viajando.

sei que teve um momento, que a gente viajava bastante. e fazendo oficina.

sei que teve uma vez que eu fiquei de monitor, no dulcina.

o chico viajou, e eu fiquei de monitor, os alunos vinham, ajudava a construir os bonecos, e depois ajudava a montar o espetáculo. fiquei uns 2 anos fazendo esse papel com o chico. depois o chico viajou e a gente manteve, depois veio o Guti.

 

fiquei como monitor também na 508sul.

foi quando montou um espetáculo chamado ‘do outro lado do paraíso’, o chico fazendo a direção, a rose tava junto, e eu fazia a monitoria, e nisso, tinha uma contrapartida de apresentações..

quem fazia essas contrapartidas, era eu, e a rose, juntos.

foi um período muito legal, que a gente apresentou bastante, muitas escolas…

nisso, não lembro a data, 2002, 2004, foi rompendo, deixando o espetáculo do chico, indo diretamente com o meu. meu solo.

 

de lá pra cá, a gente já tava mais forte, além de conhecer o projeto do chico, já me chamavam também pra brincar.

as apresentações que o chico não conseguia pegar, ele me passava.

eu fui fortalecendo meu trabalho, sempre brincando sozinho.

 

além de montar os espetáculos, eu fazia monitoria.

tipo o chico começava a oficina, ele tentava passar, passava pra mim a monitoria, ele viajava e eu fazia a diretoria.

já comecei a fazer a direção, o chico me passou isso também..

montamos espetaculos algumas vezes com o grupo do sesi… e veio pra cá, pro mercado sul.

 

já fazia no sesi e em 2002, foi quando a gente veio pra cá, montamos vários espetáculos aqui também, com afonso miguel.

 

montamos “histórias de lenços e ventos’, do Ilo Kruger, montamos com o pessoal da samambaia, mas a base era aqui também.

a gente ficou um período com esse espetáculo, com esse grupo, apresentamos várias vezes..

mesmo assim, mantinha o meu. aparecia algum pra fazer, que pagava, a gente ia mesclando.

 

e já trabalhando no sesi com esse outro grupo, que depois se transformou em cia teatro imaginário.

era grupo de teatro do sesi, depois chamamos grupo de teatro imaginário… com luciana albertino, o Ed Silva… uma galera…

 

e de lá pra cá, sempre manteve . Sempre junto. tem espetáculo, não tem espetáculo, ia passando de um pro outro.

 

e nisso, já existia o sem fronteiras.

pq na verdade o sem fronteiras veio na verdade de um grupo com o chico, com … jeová e algodão.

com o tempo, eles foram acabando, eu perguntei, posso assumir o ‘sem fronteiras’.. aí, fui andando, sempre mantendo de standby, tipo, o espetáculo do chico, as montagens que a gente fazia, meu espetáculo e as viagens…

muitas viagens…

 

e é isso, depois o Invenção Brasileira, montado, que a gente veio pra cá…

então, foi muito forte, apresentações, montagens, viagens…

 

que o mamulengo presepada, foi crescendo juntamente com todos nós…. foi bacana (corte)

 

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quando eu conheci a Isabela Brochado, foi nesse período do Romance do Pavão Misterioso.

só que o Chico já trabalhava com ela antes.

ela fazia a parte de fora, da música.

 

e algumas vezes, ela foi com a gente no Romance do Vaqueiro Benedito.

fez algumas viagens.

 

mas minha convivencia maior, foi nesse periodo do Pavão Miserioso.

que ela atuava como atriz, além da música.

2 ou 3 anos, muito frequente.

uma pessoa muito bacana.

 

logo depois, entrou na Unb e sumiu da gente, entrou como professora.

 

No periodo do Inventário dos Bonecos, ela veio com a proposta, e perguntou pra gente o que achava.

eu achava maravilhoso, o importante era que os bonecos serem registrados como património.

só que não sabia que eu ia entrar diretamente.

o foco era o mamulengo presepada e quem o mamulengo formou como aprendiz.

e o mais diretamente fui eu, foram 10 anos mais intenso, juntos, o meu espetáculo e o espetáculo dele.

foram 10 anos, ele passou alguma coisa pra eu fazer e a gente fazia junto.

 

aí, a Isabela falou se eu gostaria de participar, eu disse, claro.

 

ia falar da minha convivencia com o presepada, como eu aprendi com o chico simões. eu aprendi a trabalhar com os bonecos de mamulengo.

 

quando saiu a primeira parte da pesquisa, eu fiquei muito feliz, pq eu comecei a chamar pessoas pra trabalhar junto com a gente.

aí, entrou o Robson, o Josias, Carlos Machado, Ricardo Guti… teve um momento que foi muito grande a parte do espalhamento do mamulengo em Brasília, e isso foi o Chico que fez.

 

teve um período que teve vários grupos brincando, com espetáculo montado, que saíram do Mamulengo Presepada.

e um dos primeiros era justamente o Mamulengo Sem Fronteiras.

aí, o inventário veio justamente pra isso, pra agregar, a gente viu que tinha passado mais pessoas… todas as pessoas vieram, comungou com a gente e fico feliz quando saiu o registro, a gente viu que tava todos nós lá, uma folha, duas folhas, no inventário, mas foi a gente que ajudou a construir o registro do inventário do boneco popular do nordeste.

 

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o algodão, eu conheci justamnete na casa dela na Colonio Agrícola…

 

já exisitia o mamae taguá, a gente tinha acabado de sair de um carnaval, tinha uma efervescencia muito grande porque o Algodão, ele fazia os bonecos, a plástica dele é muito boa.

Vinha sempre pessoas convidando o Algodão pra trabalhar com eles.

 

NEsse momemnto, ele tava junto com o Chico… mas o Algodão, ele tem uma coisa com o Chico, uma relação amorosa.. não sei… ele chega, passa um período bastante junto, depois se afasta e… precisa ir na casa dele pra saber se tá vivo.

 

E o Algodão foi uma pessoa que contribuiu bastante na minha vida cultural, foi que eu conheci o boneco através dele, mas a minha vontade de trabalhar com o boneco foi com o Chico, mesmo.

Ele falou, venha! vc quer fazer isso? venha! ele me chamou.

 

o Algodão, foi o cara que me chamou, mas… como ele era mais plástico… depois que eu soube que ele apresentava também… mas já tinha conhecido e já trabalhava com o Chico diretamente.

 

foi um periodo bacana, ele ficou bastante com a gente,

 

o Algodão, além da plástica, tem uma coisa muito boa, que ele é um cara irreverente, abre muitoas portas também…

 

o chico tinha aberto o escritório no centro de taguatinga, que lá a gente montou muitas coisas.

o sem fronteiras surgiu nesse escritórios, além de montar espetáculos, fazia bonecos gigantes… não lembro o periodo, 98, 99, Algodão, Chico, Jeová, Rose… e outros…

muito bacana.

 

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a Rose, eu conheci ela já trabalhava nesse periodo como gerente de cultura, eles cuidavam do Teatro da Praça, ela e Miltinho.

foi um periodo que teve um golpe, com a saida do Cristóvão, que acabou com a cultura em taguatinga, a cultura do df acabou… aí, a Rose voltou pro Mamulengo Presepada.

 

e a Rose ajudava na parte da produção.

e a gente montou o espetáculo “romeu e julieta nas noites de são joão”, se não me engano.

o chico fez a direção, mas quem brincava era eu e a Rose, então passamos um periodo muito grande trabalhando dentro da empanada.

e ela fazia um trabalho de confecção, muito legal, de costura, de figurino, dos bonecos, ela fazia estandarte.. ela dava esse respaldo.

 

eu lembro que ela se afastou, não sei se ela foi fazer um trabalho num escritório…

depois ela voltou novamente, mas na parte de produção, daí, ela também fazia direção.

no sesi, a gente montou no sesi, e ela fazia direção.

quando eu não podia, ela segurava a onda. ou o chico, …

 

logo depois, ela se afastou mais uma vez.

quando a gente fez o festisesi, acho que 2006, depois 2007 a gente fez outro festisesi, se afastou, não lembro, ela ia e voltava…

quando a coisa arrochava, a coisa da grana, ela ia fazer outra coisa, mas sempre voltava.

depois ela ficou um período como presidente, até hoje, acho.

]

 

e foi uma pessoa que contribuiu muito na minha carreira.

 

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o geraldo toledo, sempre tinha o boi jatobá e a cia articum.

ele vinha de muitos anos, e com o forró do cerrado…

 

aí, o chico chamou ele pra fazer a sanfona no espetáculo dele… (musica ao fundo)

 

o geraldo veio pra fazer a parte musical do espetáculo do chico.

nesse periodo, eu tocava zabumba, ele fazia o acordeon, o beirão cantava, o soró fazia o palhaço, fazia o triangulo… a gente viajou bastante, foi até pra espanha..

 

o geraldo também fazia a parte musical do espetáculo do sesi..

convidava outros grupos, outras pessoas pra tocar, a gente fazia a cênica, ele fazia a musical…

 

a gente trabalhou bastante, depois ele veio pra trabalhar comigo no Sem Fronteira, a gente viajou bastante.

 

foi uma pessoa chave que deu uma noção musical pra gente, que ele era muito rígido, ele falava vocês precisam entrar nesse tom, entrar nesse ritmo…

uma coisa é você cantar com os bonecos, outra coisa é acompanhar um acordeon.

ele deu esse ‘up’ na parte musical, acho que pra mim, pro chico também… foi uma pessoa muito importante…

 

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Moema Becker, ela era aluna da Unb da Isabela Brochado, ela veio como atriz e musicista.

então, ela fazia a parte da frente do espetáculo, no Pavão Misterioso.

ela fazia a parte musical, ela tem uma presença muito boa, que foi muito bom pra gente também.

 

só que a cooperativa, era cooperativa de atores, era um grupo de teatro que era o Guti, o Marcelo Penone, a Joana Abreu, tinha uma galera… quem mantinha o espaço era o Guti…

 

a gente montou algunes espetáculos juntos, montou pinoquio, Lindo, conseguimos trabalhar algum tempo.,

depois, montou Bumba meu boizinho, com o pessoal do Mestre Teodoro, mais ou menos parecido com o espetáculo que o Chico montou agora, faz pouco tempo.

 

era o Cristiano que fazia o pandeirão, e a gente montava  a parte cênica… eu brincava fora também…

 

aí, surgiu a Cooperativa Brasiliense de Teatro. …

então, essa cooperativa ficou forte durante um periodo, o Chico foi presidente. a Laura foi presidente.

a gente conseguia reunir os grupos pra discutir o teatro de brasília

era o pessoal dos bonecos, o pessoal do circo, e do teatro.

a gente conseguia falar diretamente com quem tivesse na secretaria de cultura, era muito forte.

 

e foi acabando justamente com essa demanda. o circo foi se afastando…o boneco voltou a associação candanga de teatro… e ficava meio que paralelo… chegou um momento meio que rompeu…

uns ficou com a parte de política, outros com os fazeres…

 

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a actb,

associação candanga do teatro de bonecos, ela foi fundada em 80 e alguma coisa.

quando eu conheci, ela tava meio que parada.

aí, veio o chico, o ricardo moreira, algodão… a isabela brochado, josias, o pessoal do gama, o marco augusto… meio que deu uma vida, ela tava parada a muito tempo.

 

nesse ‘up’ que aconteceu, a gente conseguiu fazer alguns projetos, fez a roda candanga do teatro de bonecos, e o circuito rural de teatro de bonecos, que a associação sempre fez.

 

ela, pra mim, foi muito importante, sempre foi, mas teve um periodo que teve uma parte muito forte que era de fazer projetos, além de fazer projetos, a gente fazia reunião.

ela nos representava, falava com governo, com empresários…

agora tá meio parada, por preseidente ficar doente, cada um cuidar dos seus trabalhos, porém, ela é muito importante. ela consegue manter o formato.

 

a gente é associado à associação brasileira de teatro de bonecos e associados ao UNIMA (União Internacional de Marionetes), NACIONAL.

 

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a abtb, eu conheci no momento que me filiei à associação candanga do teatro de bonecos.

pra gente se filiar a uma, tinha que se filiar a outra e eu queria saber o que acontecia.

 

eu peguei vários livros, que a abtb mandava material, eu cuidava um pouco das coisas da actb, então ficava lendo o que era, e vi que a abtb tem um papel chave no teatro de bonecos do brasil.

 

desde os anos sei lá, 60, 70, que veio um pessoal mantendo essa associação e fazendo um trabalho coletivo no teatro de bonecos no país, então, se hoje o teatro é conhecido e reconhecido como patrimonio popular, e também o boneco, e gente deve muito à associação.

 

às pessoas que passaram e pessoas que tão vivas.

que fez com que os bonecos fossem reconhecidos… a magna modesto, que eu conheci pessoalmente, que tem um trabalho lindo, vários outros também…

 

0200

o festival brasília de teatro de bonecos, ele foi fundado pela actb, fez a primeira ediçaõ… acho que teve uma primeira ediçaõ que eu nao brincava… nos anos 80..

nos anos 90, teve uma segunda edição, que essa eu já participei, no dulcina de moraes, que foi onde eu conheci os mestres… zé de vina, chico de daniel, foi o que eu mais me aproximei.

ficava acompanhando ele, gostava de ver a forma dele brincar.

esse festival foi muito importante pra gente, logo depois, ele passou pra Ruarte, o Ricardo Moreira, a Ruarte assumiu esse festival.

foram 11 ou 12 anos de festival, e eu, meu grupo, já solo, com o Chico, apresentei do primeiro até o último. foram 10 anos de convivencia diretamente com os mestres, até então, não tinha viajado.

 

eu só comecei viajar pro nordeste pra conhecer os mestres depois que participei dos festivais.

eu já esperava, pq vinha vários mestres deo pernambuco, a gente convivia, fazia troca de bonecos, ajudava, montava…

foi quando a gente teve um boom maior, que a gente só conhecia os bonecos através do Chico.

Babau, quando passava, demorava mas passava, Mestre Zezito, que era palhaço, mas também brincava o Casemiro Coco, e a Actb deu uma força muito grande pra ele, pq ele meio que largava o boneco pra fazer só palhaço, e a gente falava, não! brinca o boneco, e a actb quando fazia o projeto chamava ele, pra manter.

 

então, a actb foi muito importante pra isso, trazer pessoias de fora pra brincar o tradicional pra gente conhecer.

a nossa referencia, era o Chico, que vinha de Babau e Babau passava de vez em quando.

o Babi Guedes, falecido mestre, passava de vez em quando em Brasília, e também, o Paulo de Tarso, muito emblemática, que ele chegava em Brasília, passava 2 ou 3 dias e sumia.

 

queria muito conviver mais, mas ele sumia.

 

0530

os caras que a gente teve mais convivencia, além do Chico, foi o Mestre Zezito, o Chico de Daniel, que veio quase todos os festivais, o Chico de Daniel que veio quase todos os festivais, o Zé Lopes e outros da Paraíba, Mestre Naldo, Inaldo, Mestre Marinheiro, Maestro que faleceu, …

 

Afonso Miguel foi uma pessoa muito importante pra gente, que ele morava na Holanda e passou um tempo aqui, foi quando a gente veio pro Mercado Sul.

então, ele conviveu um tempo aqui no Mercado Sul, sempre brincando os bonecos dele, sempre ia apresentar, a gente conseguia vender alguns espetáculos pra escola e a gente ia junto, vendo ele apresentar… foi um crescimento pros bonequeiros de brasilia…

 

só que a história dele é muito mais antiga.

 

0700

o Afonso veio da Holanda, chegou em BRasília, sem eira, nem beira, o Chico era casado, não tinha como botar Afonso dentro da casa, imagina!, dread, rastafari, outra cabeça, e apareceu essa loja, o Chico veio.. ô, tem uma loja aqui, falou com seu JOão, aí, alugou essa loja aqui.

 

foi o mote pra gente começar a montar esse espaço pra ser o Invençaõ Brasielira, surgiu nesse periodo, foi quando o Afonso veio pra cá.

Foram vários anos do Afonso Miguel indo e voltando da Holanda e sempre mantendo essa base, o espaço do Invenção Brasileira.

 

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a gente mantinha um contrato com o sesi, o sesi contratou a gente pra montar espetáculo.

além de montar espetáculo, a gente precisava apresentar por ano X espeáculos em todas as unidades.

tudo que o Sesi ia fazer, botava a gente na frente.

Além de bancar as montagens, a gente fazia essa parte mesmo de divulgação do sesi, existia uma montagem muito intensa. mas a gente revezava, como tinha nossos trablhos pessoais, eu ficava um periodo, viajava, depois o chico assumia, depois a rose…

 

ficamos uns 3 ou 4 anos, ou 3 anos de teatro do Sesi, que a gente deve ter montado uns 5 espetáculos, foi onde eu aprendi a tentar a ser diretor de teatro, q eu acho q não nasci pra isso.

 

primeiro era grupo de teatro do sesi, depois desvinculou, veio pra cá, e formou o teatro imaginário.. tinha o cia articum, se vinbculou e tinha 2 espetáculos…

aqui e com o cia articum, tinha o boi jatobá, que era o mesmo elenco, fazia aqui e fazia lá.

 

não lembro o nome de todo mundo, era o Edy Silva, Lorena Ferreira, Tamires Borges, Luciana Albertini, Adaiton Germano, puts, é muita gente, Larissa… ah, não… eram 25 pessoas… no imaginário.. deve ter montado uns 3 espetáculos depois..

foi quando a gente conseguiu o primeiro projeto do FAc, usou o meu nome, a gente montou o primeiro espetáculo…

fizemos algumas parcerias…

saiu do sesi foi pro sesc, mas sempre mantendo essa forma de vir pra cá.

foi quando veio muita gente, veio e foi ficando…

tipo a Nara, da Gunga, veio fazer um trabalho…

o Virgílio, nunca tinha feito um cenário… fez as malas…

Miltinho, era iluminador do Sesi, já tinha essa parceria com o Sesi e Invenção BRasileira…

muita gente que tá aqui hoje veio dessa parceira…

de como surgiu o Invenção Brasileira no Mercado Sul, a cultura digital e outras parceirias que a gente vinha fazendo…  

 

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a gente mantinha nossa base aqui e as ações aconteciam aqui e aconteciam no Sesi.

o Sesi liberava o espaço pra gente, pagava os monitores, pagava pra montar o espetáculo, só que a gente montava mais ou menos 2 espetáculos.

um grupo daqui, e matendo um espetáculo do sesi, específico do sesi.

Candango do Barro Branco, Mentiras e Verdades… vários…

 

Mateus e Bastiana contra o Bicho de Fogo… saiu daqui e foi pro sesi,

O Baile do Menino Deus, que a gente fez uma adaptação que virou NAscimento do Menino,

o Romance do Pavão Misterioso, a gente montou 3 vezes, com atores diferentes,

Romeu e Julieta, a gente montou também umas 2 ou 3 vezes…

 

isso sem falar os espetáculos nossos, que a gente vendia.

Ah, mas vocês não tem outro espetáculo? TEM… mudava o nome e ia lá. quando era eu e o chico… mudava o nome e mantinha o espetáculo… era bem bacana.

 

o Sesc mandava o dinheiro e a gente montava 2 espetáculos.

 

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a gente era um grupo de teatro que trabalhava com cultura popular, mas não conhecia a cultura popular, principalemnte os mais novos.

 

a gente fez o fetisesi pensando nisso: como conviver pessoas de diversas fontes, diversos lugares, que fazem o tradicional nos seus estados, junto com a gente de brasília, que falava que fazia cultura popular, e gostaria de conhecer.

então, essas mesmas pessoas que trabalhava no grupo, todos trabalhavam no festisesi, dormindo junto, comendo junto, tudo junto, e foi muito importante pra gente pra conhecer o que era cultura popular.

pq aí, veio alguns maracatus, grupos de coco, carroça de mamulengo trouxe várias pessoas do juazeiro do norte, a gente conheceu a galera do cultura digital, os hackers, foi de onde veio o Angel, junto com esses doidos aí.

 

então, foi bacana o festisesi, de como fazer, como conviver.

pq em Brasília, tem de tudo, não tem nada.

uma coisa que falta em brasília é essa coisa da convivencia, pq vc tá aqui trabalhando com o cara e dali a pouco, cada um pra sua casa e acabou.

o festisesi, pra gente, foi muito importante isso, tinha esse momento de convivencia,

 

o mercado sul tem isso também, de manter a convivencia, de manter a convivencia do mestre com o aprendiz, o festisesi veio pro mercado sul e a gente ainda consegue manter isso.

 

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o ponto de cultura, ele surgiu no momento crucial no país..

o lula tinha acabado de se eleger, e a gente tinha passado um periodo …

a cultulra nacional tava meio que esquecida, a gente não sabia o que acontecia lá fora….

quando surgiu o ponto de cultura…

o projeto mesmo foi em 2004, mas veio mesmo em 2005 e 2006, foi um momento importante pras nossas vidas, pq a gente conheceu o gente de fora, as pessoas vinham.

 

e quando funcionou mesmo no mercado sul, foi quando chegou o ponto de cultura, pq além dos nossos trabalhos, a gente tinha que manter uma oficina de teatro, tinha que manter apresentção, e tinha que manter outras coisas que foi o cultura digital… nesse momento foi muito legal.

 

que foiaparecendo gente de vários lugares do país, e o Invenção virou referencia nacional.

o que que funcionava em Brasília? o INvenção funciona. pq?

a gente mantinha essa forma de fazer, a gente já tinha os grupos de teatro, então só pegou e manteve os trabalhos,

 

o primeior trabalho do ponto de cultura, foi onde o mamulengo sem fronteiras foi reconhecido nacionalmente, as pessoas me conheciam depois conheciam o meu trabalho.

fui convidado várias vezes pra viajar pelo país, apresentando meu trabalho, pelos pontos de cultura.

é uma pena que o cultura viva tá meio que acabando, pq tenho consciencia de pra mim, e pra outras pessoas no mundo… foi muito forte.

foi um momento que a cultura popular começou a aparecer.

pq a gente não conhecia algumas manifestações populares do país, e veio conhecer através dos pontos de cultura, a gente fazia a teia,

 

as pessoas faziam questão de sair, depois das reuniões, pra vir conhecer o trabalho que a gente fazia aqui.

 

a Teia de 2008, foi a que a gente fez, né?? hehehe…

 

eu era responsável pelo Fórum, junto com o Santino.

Eu era representante do centro oeste, eu que meio que fazia a ponte, de trazer os delegados, de fazer as plenárias, basicamente, eu, SAntini mais algumas pessoas…

que foi realizado com o CNPJ do invenção brasileira, juntamente com os pontos de cultulra, e a SCDC.

 

0350

 

em 2002, a Eliene tava grávida e a gente tinha acabado de pegar a loja.

e agente não sabia o que fazer, pq tava muito bagunçado.

encontrava de tudo o que queria, e o que não queria.

e a gente precisava fazer algo, mostrar pra pessoas que a gente tinha chegado.

e o que a gente fez foi o chá de fralda da Monalisa, o chá aconteceu em abril, e a monalisa nasceu em janeiro do outro ano.

então, a primeira festa que a gente fez foi o Chá de Fralda, que a gente chamava Forró e Fralda, que chamou todos os bonequeiros, todos os amigos, veio pra cá, fez um forró muito legal, comungou com todo mundo e eu fiquei uns 6 meses sem precisar comprar fralda.

 

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pra mim falar do mamulengo, chega um momento que é dificil, pq eu não consigo mais desvincular quem sou eu e quem é o mamulengo… até tem os amigos que chamam de Waltulengo.

 

o mamulengo é metade da minha vida, tudo o que eu faço na minha vida, é através do mamulengo, é para o mamulengo.

 

e quando o mamulengo se transformou em patrimonio, foi um trabalho árduo, foram 10 anos conscientização das pessoas da importancia de que o mamulengo precisava ser reconhecido, o teatro popular do nordeste, que pra mim é o mamulengo.

 

o registro, pra mim, foi uma coisa muito importante.

nem só pra mim.

eu fui uma das pessoas que vi o regsitro, e to acompanhando, e agradeço bastante ter participado e tá acompanhando, pq tem vários mestres que participaram no incio, são bonequeiros que não viram isso. lutou pra que seja registrado e não viram isso.

o que tem que fazer, é manter essa tradiçao.

 

manter, naõ mantém. na verdade, vai mudando com o tempo.

mas falar do que é o mamulengo, do boneco popular do nordeste, manter isso, da vida do boneco.

o ser, o boneco. manter essa forma, que isso repasse, de geração em geração.

como veio pra mim, passado atráves do chico, que veio do Babau, do Solon que passou… o outro, que passou pra mim, que devo ta passando pra outro, não sei…

 

a gente manter essa forma de fazer, essa forma de passar também.

uma coisa muito bonita é que não fica com você.

vai passando. as pessoas vão chegando proximo da gente e a gente vai falando vem fazer…

e vira sua vida… naõ é só uma forma de trabalho… é o que aconteceu comigo.

 

naõ consigo desvincular mais a minha vida pessoal do mamulengo, pra mim eu sou o mamulengo, ou o mamulengo sou eu…

 

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olhos dagua, eu conheci olhos dagua em 98, através do chico, também.

foi uma feira do troca, que ia acontecer, ele ia brincar… conheci aquele lugar, maravilhoso, e pensei, poxa um dia vou fazer alguma coisa aqui.

 

a gente foi… indo sempre…

o chico comprou uma casa, logo que voltou de portugal… com a bolsa virtuosa… comprou uma casa, e agente ficou mais que uma casa…

 

nesse periodo que a gente foi, com helena oliveira, alvaro faleiros, a gente montou um bumba meu boi dágua, que era juntar a galera pra tocar…

levamos uns instrumentos de percussão, que tinha aqui, e levava pra lá, e começava a tocar com o pessoal.

deram a ideia de montar um espetáculo… bumba meu boi dagua,

o primeiro era um cortejo, primeiro momento a gente saiu, o boi saia dançando, brincando no meio do pessoal,

só que com o tempo, a gente montou o Auto do Boi, um espetáculo mesmo.

ele contava a história de Olhos Dagua, através do Auto.

a forma que surgiu Olhos Dagua, e a forma como o municipio, se transformou em distrito,

que foi quando o Alex Abdala, a rodovia ia passar na fazenda dele, que virou Alexania, uma noite, ele foi lá e roubou todo o material da sede e roubou o município.

 

OLhos dagua era o município e virou distrito, depois, que a sede foi pra Alexania.

tinha um história legal de uma senhora que ficava na prefeitura, que não funcionava nada, fazendo crochê, e o pessoal chegava e queria saber onde era a prefeitura… ela: a preferitura é lá em Alexania…

e o que vc tá fazendo… nada. to aqui fazendo meu trabalho. ela nao quis ir pra nova sede.

 

e a gente contava essa forma, lúdica, pra falar da forma como surgiu Olhos Dagua e como foi roubada a sede.

 

com isso, a gente descobriu muitas manifestações que aconteciam ali, o lundu, a catira, os tapuyas, que tinha naquela região, então a gente meio que trouxe de volta algumas manifestações que tinham sumido.

depois do boi, mantem algumas catiras…

 

com o passar do tempo, o chico vendeu a casa, alugou outras casas, e a gente foi ficando… mas a gente sempre tinha o sonho de ter algo coletivo, que pudesse comungar isso.,

 

aí, apareceu a chance de comprar, sem dinheiro, sem nada.

conseguiu parcelar pra gente, ficamo um ano pagando, os mamulengos, o presepada, o sem fronteira, o fuzuê, o gratidão…

 

foi o momento que a gente comprou o São Sarue, a primeira coisa que a gente fez lá, plantou o baobá.

primeiro de janeiro, plantou o baobá, e tamos quase mudando pra lá.

e daqui a alguns dias a gente tá lá com são saruê!